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911: Os simbolismos por trás do clipe de Lady Gaga que fala sobre saúde mental

Vídeo da faixa do Chromatica usa elementos do movimento artístico do Surrealismo para debater a saúde mental da cantora

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Fotografia colorida de Lady Gaga

*Análise por Larissa Guimarães

Em setembro de 2020, a cantora Lady Gaga surpreendeu o público com o lançamento do curta-metragem da música ‘911’, do álbum Chromatic. Dirigido por Tarsem Singh, mais conhecido pelo trabalho em “Espelho, Espelho Meu” (2012), o videoclipe é repleto de referências ao cinema cult.

A faixa, com influências do synth pop e electropop, foi o terceiro e último single de trabalho da era Chromatica. O principal tema é a relação da cantora norte-americana com a própria saúde mental.

Na letra, a cantora diz que sua maior inimiga é ela mesma, e que precisa tomar um 911 em uma metáfora para consumir seus medicamentos. O curta-metragem, por sua vez, se utiliza da metáfora para dar sentido literal ao número de emergência dos Estados Unidos, contando uma história da percepção da cantora e o diretor sobre o uso de remédios.

Tradução:

 “O clipe é muito pessoal para mim, minha experiência com saúde mental e a forma como realidade e sonhos podem se conectar para formar heróis dentro de nós e ao nosso redor. […] Gostaria de agradecer Haus of Gaga por se manter forte por mim quando eu não estive, e a equipe por fazer esse clipe de forma segura durante essa pandemia sem deixar ninguém doente. Faz anos desde que me senti tão viva em minha criatividade para fazer o que fizemos com 911. […] Finalmente, obrigado a vocês, little monsters. Estou consciente agora, posso vê-los e senti-los, obrigado por acreditar em mim quando estive com tanto medo. Algo que já foi real em meu cotidiano agora é um filme, uma história real que agora é passado, e não o presente. É a poesia da dor.

A arte na dor

Para ‘911’, Gaga uniu a música pop ao estilo surrealista, movimento que se caracteriza pela defesa do pensamento livre e a adoração de uma realidade paralela superior e descompromissada com a lógica.  A vertente de arte surgiu na Europa, na década de 1920, e foi marcada por nomes como Salvador Dalí e André Breton. A linha . 

A artista também bebeu de inspiração na fonte do cinema surrealista. Entre as referências do clipe, estão os filmes “EL Topo” (1970) e “The Holy Mountain” (1973), do cineasta chileno Alejandro Jodorowsky. Há também, inspirações na obra do cineasta armênio Serei Parajanov, “A Cor da Romã” (1969). 

‘Minha maior inimiga sou eu, tomo um 911’

O surrealismo está presente logo no começo da no curta-metragem, que mostra  Lady Gaga embarcando em uma aventura fantástica após acordar em um deserto com algumas figuras emblemáticas que transitam ao seu redor:um homem que constantemente bate a cabeça em uma almofada, uma mulher com um corpo mumificado e uma mulher de branco e um homem com uma sombrinha que desceram do céu.

Em uma das cenas, podemos ver a cantora guardando uma boneca em uma caixa, o que é referenciado na letra :

“Deixo minhas bonecas em caixas de diamantes

As deixo lá até eu saber que vou largar isso

Construí um muro em torno do meu oásis

O paraíso está em minhas mãos”

As bonecas representam uma metáfora para as pílulas de remédios que Gaga precisa tomar. Ela se refere aos medicamentos como paraíso, pois existe uma relação de dependência que a faz guardá-los para o caso de precisar novamente, como se o remédio fosse o escape de sua dor.

Durante o desenvolvimento da trama, alguns easter eggs mostram como a narrativa irá seguir. Em determinado momento, vemos Lady Gaga subindo aos céus, mas, então, o homem da sombrinha amarra uma corda em seus pés e a puxa para baixo. Por um milésimo de segundo, é possível notar que a cena pisca para uma imagem da cantora deitada sob uma maca de hospital.

Mais tarde no clipe, vemos uma tapeçaria antiga ao fundo que encena um acidente de carro, outra pista da história por trás do mundo fantástico. O curta também possui um excessivo número de cenas com um foco nos pés da cantora, mais especificamente para o tornozelo onde há uma pulseira vermelha.

Ao final da trama no universo fantástico, vemos que o rei tirano condena Gaga à morte, porém, ao ser assassinada com duas facadas no peito, a ambientação do clipe muda completamente. Vemos novamente Lady Gaga sob a maca de hospital enquanto é atendida pelos paramédicos, que são a mulher de branco e o homem da sombrinha. 

De volta à realidade e longe da fantasia, percebemos que tudo não passou de uma ilusão da mente de Gaga. O rei tirano é um homem rico que bateu seu carro de luxo, a mulher com o corpo mumificado é uma mãe que perdeu o filho, e o homem da almofada é um motorista que bateu a cabeça no volante. O tornozelo volta a ter foco, mas dessa vez, não existe uma pulseira vermelha adornando-o e sim um osso quebrado.

O clipe abre margem para interpretações do que pode ter acontecido, mas deixa subentendido que a personagem de Gaga saiu de casa em sua bicicleta para comprar mais pílulas e acabou causando um acidente grave.

Assista ao clipe de ‘911’:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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