Cinema
Não confie no que estes personagens te contam!
Indicações para o fim de semana: Filmes com protagonistas nada confiáveis
Começo com um alerta: nenhum narrador é confiável. Nenhum mesmo. Seja ele o personagem principal ou um ser onisciente que “apenas” te conta a história estando de fora dela. Todo narrador tem um objetivo com o que ele escolhe falar e como fala.
Porém, existem alguns personagens, principalmente alguns protagonistas, que nos guiam nas suas histórias e contam a versão que nos leva a empatizar com a sua perspectiva. Com certeza o exemplo de “O Clube da Luta” é o primeiro que vem à sua cabeça quando citamos protagonistas inconfiáveis, mas nesta lista, o Portal Yolo vai tentar trazer outros exemplos e obras. Segue o fio!
Professor Humbert – Lolita
O narrador do clássico de Vladimir Nabokov conta a sua versão da sua história com Dolores, uma menina de 12 anos. Com adjetivos e visões muito bem escolhidos para se encaixarem na sua narrativa, o professor universitário tenta convencer os espectadores de que aquela criança é quem o seduziu, sendo desmascarado ao final da obra. O livro já adaptado algumas vezes para o cinema e tem em volta de si toda a polêmica de ser ou não uma romantização da pedofilia.
Rue – Euphoria
Parece óbvio já que a própria Rue fala que não é uma narradora confiável, mas seguimos a história completamente do seu ponto de vista e é fácil esquecer desse detalhe. Por isso, simpatizamos com a adolescente, às vezes ignorando que ela mente e manipula a todos, incluindo a si mesma. Mesmo com essa questão, é muito interessante acompanhar as ações totalmente emocionais dela, que só parecem racionais para alguém na situação que ela se encontra.
Tom Hansen – (500) Dias com ela
Tem quem vá discordar, mas Tom é sim um narrador não confiável. Ele apresenta uma realidade paralela em que é um parceiro perfeito e Summer quer sair do relacionamento sem nenhum motivo, só porque ela é babaca. Em certo momento do filme, a própria amiga do protagonista expressa que ele só se lembra das partes boas. Pra quem já viu o filme, é bem legal rever desconfiando pelo menos um pouquinho da perspectiva de Tom.
Patrick Bateman – Psicopata Americano
Esse pode ser um pouquinho mais difícil de perceber, já que Patrick é aberto sobre seu narcisismo e violência durante o filme, mas e se a gente não tivesse certeza do que é real ou não? É nesse ponto que Patrick pode aparecer como um narrador não confiável. Em certo momento do filme, o protagonista parece ter seu estado mental progressivamente deteriorado, o que pode gerar o questionamento “será que ele realmente está matando essas pessoas? ou está tudo na cabeça dele?” e isso pode transformar completamente a obra.
Coringa – Joker
Parte da mística do vilão do Batman é justamente acreditar nos acontecimentos sem necessariamente contar com a realidade. Porém, no filme que mostrou o lado de Arthur, é esclarecido que em decorrência de experiências traumáticas, o personagem se tornou violento e apresentava sinais de distúrbios psicológicos. Esse não é o primeiro, nem o último narrador que se torna não confiável por causa de doenças da mente.
Rashomon
Essa na verdade é uma obra completa não confiável e não só um narrador. No filme dirigido por Akira Kurosawa, o mesmo mistério é contado por diferentes personagens, mostrando diferentes pontos de vista e uma “verdade”, deixando claro a subjetividade dos acontecimentos.
Nick e Amy Dune – Garota Exemplar
No livro e filme “Garota Exemplar” é um caso muito especial, já que nenhum dos dois protagonistas é confiável. Até o meio da história, somos guiados a acreditar que Amy foi assassinada, provavelmente pelo marido, mas depois a narrativa vira e Amy mostra como armou para Nick. Mesmo depois da descoberta, Amy ainda mostra a sua motivação e o relacionamento dos dois pelo seu ponto de vista questionável.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.