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Música

Taylor Swift: evolução e o poder da narrativa

Entenda o universo sonoro e audiovisual da Taylor Swift e a criação da sua persona artística.

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Taylor Swift é uma estrela da música, super conhecida e com uma reputação extensa e pesada de carregar. Apesar de todas essas afirmações serem verdadeiras, elas se contradizem com a realidade. A artista com mais indagações sobre o número de relacionamentos e conflitos públicos, também é uma das personalidades mais fechadas da indústria. Taylor deixa claro algo que sempre pareceu ser um pouco esquecido por fãs em geral: artistas só mostram aquilo que desejam mostrar (na maioria do tempo).

Com o poder de expor e esconder diferentes situações e momentos de sua vida – mesmo que às vezes seja exposta por outras pessoas -, Taylor criou sua própria narrativa por meio de sua arte. A cantora e compositora “escolheu” como queria contar a própria história por meio de seus álbuns, vídeos e detalhes dentro dos mesmos. E os fãs de Taylor sabem, existem MUITOS detalhes.

Mas, o que faz com que as músicas de Taylor funcionem tão bem tanto como canções quanto como histórias se encontrando em um grande universo? Essa resposta não é muito simples, porém, pode ser resumida em alguns pontos: narração, vulnerabilidade, particularidade, evolução e personas.

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Narração

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A construção da narrativa de Taylor muitas vezes é resumida às suas músicas dedicadas a relacionamentos. Porém, cada uma das suas composições mostram muito mais sobre ela (e seus alter-egos) do que sobre seus parceiros ou sobre a opinião do público. Isso acontece porque, pelo menos em suas canções semi-autobiográficas, Taylor é a personagem principal, a heroína da história. Os sentimentos e as reações são trazidas do ponto de vista da protagonista. 

Para manter a atenção e empatia do público, quando fala de si mesma, Taylor aplica figuras de linguagem como a metáfora e a personificação, além de apresentar adjetivos ricos e descritivos e trazer a comparação pelo uso recorrente da palavra like (a conjunção “como” em inglês). Essas técnicas fazem com que o ouvinte se sinta dentro da história narrada, trazendo o sentimento da persona diretamente para quem recebe a mensagem.

Dessa forma, Taylor apresenta a sua história enquanto coloca o ouvinte dentro dos sentimentos da cantora, demonstrando sua capacidade de composição e uma característica importante para o reconhecimento do público: vulnerabilidade.

Vulnerabilidade

Outro aspecto essencial para a reflexão do público é a vulnerabilidade de Taylor. Não é mistério que existe uma idealização do personagem perfeito e como um protagonista “exemplar” é perfeito. Porém, quando uma narrativa é estudada mais profundamente, é fácil perceber que os “defeitos” de uma pessoa são o que a torna um ser humano. A vulnerabilidade e os sentimentos intensos são mostrados quase sempre como “falhas”, mas também são a realidade de qualquer persona.

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Taylor no clipe de “Delicate”, que é uma de suas canções mais sensíveis sobre relacionamentos amorosos

Pensando nisso – e reconhecendo a imersibilidade das obras da cantora – é simples ver como a forma que ela se demonstra vulnerável é crucial para sua narrativa. Taylor é acostumada a dividir sua história por meio da música e arte, criando um contraste de sua personalidade fechada para a mídia. Em entrevistas, foge de questões pessoais sempre que possível, o que não evitou que a imprensa criasse diversas narrativas e personalidades paralelas para Taylor. 

Curta inspirado na canção “All Too Well”, que fala do relacionamento de Taylor com o ator Jake Gyllenhaal

Mesmo quando a mídia esperava cada passo da artista para criar rumores e especulações, Taylor ainda se manteve vulnerável em suas músicas. Por isso, em álbuns como “Red” e “1989”, receberam um retorno tão forte de seu público.

Taylor deu o que as revistas queriam: os detalhes de seus relacionamentos. Porém, não do jeito que eles esperavam. Taylor apresenta o seu ponto de vista, o seu modo de sentir e com isso, escreve a história que deseja apresentar. Dentro desses exemplos (e de toda a discografia da Miss Americana), porém, existe um ponto que explica as diferentes reações aos diferentes relacionamentos da cantora.

Particularidade

Além das demonstrações de vulnerabilidade e a criação de uma narrativa baseada em criar empatia em seu público, Taylor ainda usa as particularidades para tornar tudo mais real. Isso fica claro na riqueza de detalhes das composições. A cantora usa essa técnica de várias formas, mas majoritariamente em dois campos: os detalhes trazem o público para dentro da história enquanto, ao mesmo tempo, deixam claro quais são os personagens reais na vida da cantora.

A loirinha é muito conhecida por escrever músicas sobre seus relacionamentos, mas o talento dela faz com que suas composições se diferenciem de outros artistas. Algumas canções trazem momentos e feições muito conhecidas pelo público, com a intenção de incitar a obviedade, como com ‘Dear John’, que fala sobre o cantor John Mayer, ou ‘Style’, para Harry Styles.

Mesmo nessas músicas, Taylor faz questão de trazer detalhes específicos sobre os relacionamentos ou sobre os sentimentos próprios dela durante a letra. Isso cria uma intimidade para com o público, e ainda reforça o fato de que a narradora é Taylor Swift e ela conta a história do seu ponto de vista.

Porém, não é só na sua obra semi autobiográfica que Taylor abusa dos detalhes para tornar a narrativa mais imersiva. Em seus álbuns mais recentes, ‘Folklore’ e ‘Evermore’, Taylor circula entre a sua própria história e o ponto de vista de outros personagens e suas outras histórias. Dessa forma, ela consegue alcançar diferentes pessoas por meio de suas diferentes personas. Os dois álbuns também desafiam o público, já que a escrita é mais sofisticada (os fãs até brincam que para ouvir e entender as músicas, você deve ouvir os álbuns com um dicionário ao lado).

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Também com suas descrições, adjetivos e figuras de linguagem, Taylor Swift usa sua reputação midiática para criar alter-egos, que dão mais espaço para evoluções e experimentações musicais, vistas em 1989 e Reputation. As letras são apenas um dos elementos dessa evolução pessoal e artística, já que Taylor também tem criado um universo dentro de sua obra, com vídeos e teorias.

Evolução e Personas

Desde o lançamento de seu primeiro álbum, ‘Taylor Swift’, que foi lançado na adolescência da artista, a cantora americana passou por diversas mudanças em sua vida que refletiram em sua música. Em uma de suas entrevistas no começo da carreira, a jovem Taylor disse que não adiantava tentar escrever sobre coisas sérias, ela precisava escrever sobre o que conhecia. Dessa forma, ela começou sua história na música como a menina tímida do country, cantando sobre enredos clássicos de comédias românticas, como em ‘You Belong With Me’, ‘Love Story‘ e outras canções famosas da cantora. E funcionou muito bem, já que muitas jovens parecidas com Taylor se viram na artista. 

Porém, com o crescimento da carreira e as novas experiências, Taylor foi mudando e sua música também. Principalmente depois de ter sua vida escancarada na mídia, ela decidiu contar sua própria história. Também com a inserção de Taylor no mundo da fama, vieram namoros com homens conhecidos pelo mundo, o que gerou ainda mais rumores e capas de revistas sensacionalistas.

Depois de certo tempo, Taylor tinha uma imagem bem estereotipada e machista nessas matérias: a mulher louca que quer se vingar dos ex-namorados por meio da sua música. Além disso, Taylor já tinha “tretas” públicas que pioravam sua imagem, como a história com Kanye West ou a briga com Katy Perry. 

A artista nunca mostrou muito de sua vida para o público, pelo menos não intencionalmente ou com muitos detalhes sórdidos. Porém, ao ver sua imagem ser deturpada pela mídia, a cantora juntou suas personas midiáticas à sua necessidade de evolução musical e trouxe ao mundo obras muito diferentes: o ‘1989‘ e o ‘Reputation‘, ambos álbuns experimentais que brincam com a imagem da cantora.

Os exemplos mais fortes são os clipes de Blank Space, Bad Blood e de Look What You Made Do. Nesses vídeos, Taylor abusa da reputação ruim que possui, brincando com a situação.

Para os fãs mais aficionados, Taylor ainda deixou uma cena específica de Look What You Made Me Do, onde diferentes personas da artista zoam umas com as outras sobre as “acusações” da mídia contra ela: “vitimista”, “cobra”, “louca” e tantas outras.

Você pode não gostar, mas não dá para negar…

Taylor Swift pode ser várias coisas, e pode sim ter a seu favor fatores como o privilégio branco, mas é inegável que ela tem muito talento e sabe criar um universo musical e audiovisual bem elaborado. Ela é atenta aos detalhes, desde às palavras escolhidas até a ordem da tracklist ou mensagens escondidas nos encartes. Se não é o seu tipo de música, tudo bem, porém, é admirável o quanto ela experimenta e sente sua arte.

No fim, o mais importante de um artista é sua obra, não?

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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