[Opinião] Série de Ahsoka cumpre seu papel ao trazer de volta o sentimento de Star Wars

Este texto contém spoilers da série Ahsoka e eventos relacionados 

O último episódio da primeira temporada de Ahsoka no Disney+ termina esperançosa. Após presenciar a vitória momentânea de Thrawn (Lars Mikkelsen), a protagonista Ahsoka olha para a luz no horizonte e diz a Sabine que, mesmo perdidas, elas estão onde deveriam estar. 

Desenvolvida por Jon Favreau e por Dave Filoni, que criou a personagem junto ao próprio George Lucas, a série acompanha Ahsoka Tano em sua busca por uma ameaça já conhecida por ela e que pode comprometer o futuro da galáxia caso retorne.

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Como é a série?

A série Ahsoka nasce já com uma importante missão: ser a primeira aventura protagonizada por uns dos personagens mais queridos pelos fãs da saga, Ahsoka Tano, e também a de dar vida em live-action aos aguardados personagens principais de Star Wars: Rebels, animação muito aclamada pelo fandom. 

Acompanhamos Ahsoka (Rosario Dawson) em seu reencontro com sua antiga aprendiz, Sabine (Natasha Liu Bordizzo). Na ocasião, não se sabe muito bem o motivo pelo qual elas se separaram, é possível perceber que as duas ressentem o que aconteceu. Mas, ambas acham que falharam uma para com a outra.

Aqui ainda vemos uma Ahsoka séria, contida, e apegada às regras, parecida com os jedi da Ordem. Muitos deles duvidaram dela no passado, como ela faz agora com Sabine, ainda que julgue que seja para o bem da aprendiz. 

Com uma pequena ajuda de Hera (Mary Elizabeth Winstead), Ahsoka aceita Sabine novamente com sua padawan e juntas elas saem em jornada. A protagonista, ainda tomada por traumas do passado, teme que Sabine siga outro caminho por não ter as intenções certas, por isso a relembra que ser jedi não é somente ter técnica, mas sim confiar em seus sentidos, naquilo que não se vê, apenas se sente. 

Visual

É importante ressaltarmos os elementos visuais e a fotografia, pois cumprem um papel fundamental em transmitir o sentimento que a série deseja. O icônico planeta de Lothal pela primeira vez ganhando vida em live-action, a floresta dos episódios 3 e 4, a beleza e grandiosidade dos Purrgils, e todos os elementos da nova galáxia, que nos mostra a imensidão do novo cheio de possibilidades e mistérios – mesmo sentimento que temos ao assistir a trilogia original pela primeira vez em ‘Uma nova esperança’. 

Em tempos de voltar às origens, Filoni bebe da mesma fonte que seu mestre George Lucas quando criou o conceito dos jedi, se baseando na cultura samurai. Em Ahsoka isso fica muito evidente, a figura da personagem que abandonou o seu mestre e a Ordem e agora segue o seu próprio caminho, como a de um ronin (um samurai sem mestre).

A parte onde esse conceitos se mostram de forma mais evidente são nos duelos com os sabre de luz, na floresta, quando a Ahsoka enfrenta Marrok, um plano aberto, cada um em empunhe de seu sabre em posição. Os dois personagens pararam por um momento, se preparam, e tudo é decidido com apenas um golpe, como um clássico duelo da mitologia samurai.

Ápice

O ápice da série se dá em uma carta de amor aos fãs de Star Wars no episódio 5. Ahsoka, após perder a luta contra Baylan (Ray Stevenson), se vê no mundo entre mundos tendo que lidar com seus medos, traumas e receios, guiados pelo seu antigo mestre, Anakin Skywalker (Hayden Christensen).

O escolhido aparece para completar o treinamento de Ahsoka e a ensinar uma última lição. Ele a guia por suas memórias em um avivamento das Guerras Clônicas, onde vemos uma versão criança da protagonista liderando esquadrões e sentindo a morte dos clones que foram comandados por ela. 

Esse é o maior dilema de Ahsoka: ser apenas uma legado de morte e destruição, um soldado que é incapaz de parar de lutar. Mas, essa é sua última lição. Ahsoka é a continuação do legado de seu mestre e do mestre antes dele. Por isso é muito mais do que apenas um soldado, como Anakin é mais do que apenas Darth Vader.

Escolher viver é continuar lutando, mas decidindo de que maneira lutar e é isso que Ahsoka escolhe, assim fazendo as pazes com seu passado e se libertando para quem realmente é. 

Conclusão

A série de Ahsoka é uma ópera espacial clássica, com todos os elementos de narrativa e visual transmitindo o sentimento de uma aventura épica em um universo, aqui no caso uma nova galáxia, cheia de possibilidades. Ahsoka é também principalmente sobre reencontros, reencontros entre mestres e aprendizes, com um amigo há muito perdido, com medos, traumas e receios.

Mas, acima de tudo, Ahsoka é sobre o reencontro consigo mesmo, pois só assim é possível entender que apesar de tudo aconteceu, você está onde devia estar. 

Teaser:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.