Cinema
Curiosidades sobre a modelo que inspirou o filme “Gia”, protagonizado por Angelina Jolie
Considerada a “primeira supermodelo do mundo”, Gia Carangi teve uma vida intensa, cuja a beleza e autodestruição foram retratadas por Angelina Jolie no cinema
Em 1999, a atriz Angelina Jolie recebeu seu segundo Globo de Ouro pelo trabalho no filme “Gia”. A produção alavancou a carreira da artista e conquistou diretores e fãs com uma atuação feroz e visceral. Para muitos críticos, somente Angelina conseguiria viver tamanha autodestruição e beleza no cinema.
A trama conta a história real da modelo Gia Carangi, que foi considerada a “primeira supermodelo do mundo”. Apesar do luxo do título, ela teve uma vida conturbada e bastante guiada pelo vício em drogas, como heroína.
O legado dela continua vivo: páginas sobre a modelo acumulam milhões de seguidores nas redes sociais.
O Yolo Indica o filme “Gia”, disponível na HBO Max. É uma ótima opção de longa para assistir em um domingo à noite e questionar comportamentos diários. Também separamos curiosidades sobre a modelo para você ficar ainda mais por dentro da história dela.
Bowie Kid
Uma das marcas registradas de Gia foi o estilo “andrógeno”, bastante influenciado pelo cantor David Bowie. A paixão dela pelo artista começou ainda na infância. Aos 13, ela entrou para um grupo de “Bowie kid”, que imitavam o estilo dele.
Então, ela cortou o cabelo e começou a expressar mais a personalidade. Anos mais tarde, ela se tornou amiga do cantor.
Ascensão meteórica
Ao contrário das nepo-babies que hoje dominam as passarelas, Gia nasceu em uma cidade no interior da Filadélfia e não tinha contato com grandes nomes da indústria. A experiência de Gia consistia em pequenas sessões de fotos para comércios locais e em casa.
Aos 18 anos, ela já estava contratada pela Wilhelmina’s Agency e vivendo em New York City. O ponto de virada na carreira foi um anúncio para loja de departamentos Bloomingdale ‘s, em que Gia trabalhou com o fotógrafo Arthur Elgort.
Ele abraçou a modelo como a “it girl” dele e, com isso, ela conquistou um espaço na indústria da moda. Além da forte personalidade, Gia se destaca pelos traços marcantes – como a boca, olhos e sobrancelhas grossas – e também o cabelo preto, um contraste com o padrão de beleza norte americano das décadas de 1970 e 1980.
Daí em diante, ela se tornou “queridinha” do mundo da moda, com capas nas maiores revistas do nicho, como Cosmopolitan, Glamour e Vogue.
Romance nos bastidores
A fama mundial de Gia veio com uma sessão de fotos para a Vogue Paris, em que foi fotografada por Chris Von Wangenheim. O trabalho também teve grande impacto na vida pessoal da modelo. Foi no job que ela conheceu Sandy Linter, com quem viveu um romance intenso nos bastidores da moda.
Em 1978, elas protagonizaram uma sessão de fotos seminuas pelas lentes de Chris. As imagens mostram as modelos com um ar e maquiagem punks em poses sensuais presas a uma grade.
“No dia seguinte a sessão de fotos, de tarde, meu telefone tocou e era Gia. Ela tinha um tom de voz muito diferente. Parecia que ela estava se aproximando de mim. Eu não sei imitar agora, mas foi muito sexy. Ela estava passeando com um carro sexy vermelho e perguntou se eu gostaria de ir com ela. […] Nós passeamos até parar em frente ao Fiorucci. Ela entrou, fez um piercing na orelha”, contou Linter ao Hollywood Reporter, em 2020.
“Durante a noite, ela não queria estar sozinha e ela era apenas uma garota de 19 anos solitária em New York. Ela tinha o próprio apartamento, mas acabava dormindo bastante comigo por que queria o carinho de uma namorada. Ela me dava flores e me ligava com frequência. Nunca foi só sexual, a gente se amava. […] É muito difícil colocar um “rótulo” na relação. Nós passávamos muito tempo juntas, indo para clubs, restaurantes… era o tempo todo. Nós tínhamos uma ótima química. Eu entendia ela. Eu entendia os comportamentos dela, e ela se sentia segura comigo”.
Sandy Linter sobre romance com gia ao hollywood reporter, em 2020.
Ícone LGBTQIAP+
Além da beleza hipnotizante e o talento para fotografia, Gia se destacava por ter comportamentos que na época eram socialmente lidos como “masculino”. Desde as roupas, até a forma de andar e falar, era o natural dela.
Com esse “jeito”, Gia causou controvérsias entre os conservadores da década de 1980 por desfilar com roupas socialmente descritas como “masculinas” e passear sem maquiagem vestida em um jeans velho.
Sandy conta que, em uma viagem a ilha caribenha St. Barts (ou São Bartolomeu), um homem se sentiu incomodado ao ver Gia vestida com um short masculino e uma “undershirt”. “Ela tinha esse efeito em todo mundo. Tenho certeza que ele nunca esqueceu ela”, disse ao Hollywood Reporter.
“A vida dela toda foi assim. Nada de maquiagem, somente a beleza natural. E não importava o que ela usava. O fato dela amar mulheres era só uma parte disso. Penso em como a vida dela seria com a comunidade LGBTQIAPN+, o orgulho dela seria envolvido. Gia sempre teve muito orgulho. Ela nunca pediu desculpas por quem ela amava ou transava”
Sandy Linter sobre romance com gia ao hollywood reporter, em 2020.
Semelhança com Cindy Crawford
O declínio da carreira de Gia se aproximou com a ascensão da modelo Cindy Crawford. A semelhança entre as duas era tão grande que Cindy recebeu o apelido de “Baby Gia”.
Alguns estudiosos de moda atrelam o sucesso de Cindy com a queda de Gia. Como empresas não queriam contratar a “primeira supermodelo” por causa da instabilidade dela, as vagas foram passadas para Crawford, que seguia um padrão similar a veterana.
Veja o trailer de Gia:
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