DOCE 22 e reputation: encontrando o amor no ódio

“Big reputation, you and me, we got a big reputation”. Quem nunca ouviu falar de Taylor Swift? E, no Brasil, quem não conhece Luísa Sonza? As artistas, com certeza, tem grandes reputações. Apesar da diferença de nacionalidade, as cantoras e compositoras passaram por situações midiáticas parecidas que resultaram em trabalhos impactantes para a música pop. 

Durante toda sua carreira, Taylor foi acusada de “namorar demais” e usar de seus relacionamentos para promover seus projetos pessoais. Apesar do controle de Swift sob sua narrativa, é inegável o tom sexista dos comentários sobre a vida amorosa da cantora norte-americana. 

O hit ‘Blank Space’ surgiu como uma resposta à sociedade machista que a julgava. Mas nem mesmo a equipe Taylor de 2014, que era bastante controladora, poderia imaginar o que viria em 2016. Após uma exposição bastante contraditória de Kim Kardashian e de Kanye West, a voz de ‘Shake It Off’ sofreu um dos maiores blacklash da história do pop. A hashtag #TaylorSwiftIsOverParty ficou entre os assuntos mais comentados do ano e as redes sociais da cantora foram bombardeadas com emojis de cobra. 

Após desaparecer do holofotes por um ano, Taylor voltou com álbum ‘reputation’, que contava seu lado da história: o slutshaming e machismo que sofreu durante anos na indústria, relações ‘falsas’ com as pessoas, traições, autoestima, sexualidade e, talvez o mais surpreendente, o amor verdadeiro. O sétimo disco de Swift tinha tudo para ser o seu mais ‘raivoso’, entretanto, acabou sendo um de seus álbuns mais românticos. 

Apesar de todas as críticas sociais e shades para seus ex-amigos, o reputation fala sobre o relacionamento de Taylor com o ator Joe Alwyn. Como a artista conta em seu documentário “Miss Americana”, os dois se conheceram um pouco antes do escândalo #TaylorSwiftIsOverParty.

E, neste período onde a reputação dela não poderia estar pior, a mãe dela descobriu um câncer. Durante a sua fase mais vulnerável e delicada, Taylor se apaixonou por ele, e o sentimento foi retribuído pelo “London Boy”, apelido que Joe é chamado em uma das canções de Swift.

“Is it cool that I said all that? (Está tudo bem que eu disse tudo isso?)

Is it chill that you’re in my head? (É tranquilo que você esteja na minha cabeça?)

‘Cause I know that it’s delicate” (Porque eu sei que é delicado)

• Delicate, Taylor Swift

As músicas que mais expressam o real significado do DOCE 22 e do reputation são, respectivamente, caos/flor** e delicate. 

“Já disse, eu sou poema e problema pra tua vida

(…) Que bom que tu chegou

Eu levo o caos, tu leva a flor”

• caos/flor**, Luísa Sonza

“caos/flor**” faz parte do ‘Lado B’ do DOCE 22, que mostra um lado mais sensível e vulnerável da ‘braba’. Apesar da imagem poderosa que Luísa passa com o disco – muita maquiagem preta, batons fortes, roupas curtas e muito transparentes e exalando sensualidade – ela nunca esteve tão aberta ao público.

Assim como Taylor, Luísa já começou a sua carreira sofrendo incansáveis comentários machistas. Como ela conta, ‘puta, vagabunda e interesseira’ foram as palavras mais usadas para atacá-la. O principal motivo era o seu relacionamento com o comediante Whindersson Nunes. A este ponto, é impossível desvincular a história, projetos e carreira dos dois. 

‘‘Penhasco’’, um dos maiores hits do álbum, conta a versão de Luísa sobre o término do casamento. Em 2020, os artistas se separaram e, pouco tempo depois, ela começou a namorar o cantor Vitão, com quem tinha a música ‘Flores’. Na época, surgiu a fofoca que Sonza traiu o comediante com o cantor. Só isso foi necessário para o ódio contra a cantora se elevar para ataques físicos e ameaças de morte. 

Em ‘melhor sozinha :-)-:’, Luísa fala sobre a dificuldade de se abrir para um parceiro num momento em que está recebendo tanto ódio externo. Quase como um pedido de ‘fica’, ela diz que entende se ele for embora.

“Eu gosto tanto de você

Mas isso tudo me dá

Frio na barriga demais”

• melhor sozinha :-)-:, Luísa Sonza

Outro ponto de igualdade entre os álbuns é a sensualidade presente nas letras e no som. “Dress” e “2000 s2” são músicas que falam sobre sexo, em suas maneiras particulares. 

MACHISMO

Talvez o principal ponto que diferencie as narrativas do álbum seja a crítica à sociedade. Além do machismo que a Sonza pontua na música ‘Intere$$eira’, ela tem duas canções que criticam a hipocrisia social: “também não sei de nada” e “o conto dos dois mundos”.

Já Taylor não se aprofunda em questões sociais. ‘‘I Did Something Bad” aborda sua relação com a mídia e o escândalo com o casal West, mas não “dá um fecho”. Somente a ponte da canção, que diz “eles estão queimando todas as bruxas, mesmo que você não seja uma”, e no primeiro pré-refrão, com ‘‘se um homem fala merda, então eu não o devo nada”, que Swift coloca seu feminismo na caneta e pontua o principal problema das críticas que vem recebendo sobre sua vida pessoal. Entretanto, devo citar que a voz de “Love Story” critica a sociedade patriarcal muito bem em músicas como “Mad Woman” e “The Man”. 

AMOR E DESDOBRAMENTO

De composições em casa ao Grammy: Taylor e Joe continuam juntos. O amor ‘floresceu’ e resultou em duas belas criações: “Folklore”, vencedor do álbum do ano de 2020 no Grammy, e “Evermore”.

Saiba mais: Especial Yolo: Folklore e Evermore

Já Luísa e Vitão, não estão juntos. Mas, o ex-casal afirma que continuam amigos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.