"Homem-Aranha: sem volta pra casa" encontra lar no coração dos fãs – Yolo
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Cinema

“Homem-Aranha: sem volta pra casa” encontra lar no coração dos fãs

Enredo bem construído e fan service transforma novo filme do Homem-Aranha em um presente para os fãs da franquia.

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[COM SPOILER] O novo filme do Homem-Aranha, “Sem volta para casa”, foi um presente para os fãs do super-herói que acompanham suas várias encarnações nos cinemas desde 2002. O filme é um fan service ( quando elementos externos à narrativa são colocados para entreter os fãs), que consegue reunir de forma equilibrada diversos personagens marcantes do universo do cabeça de teia. Para alegria dos fãs, Tom Holland tem ajuda dos homens-aranhas de Tobey Maguire e Andrew Garfield, que combatem os vilões das franquias anteriores interpretados pelos atores originais.

A dor da morte de Gwen está presente na atuação de Andrew, que aparece como o mais marcado pela perda, entre os  três heróis. Já Tobey vem como o mais experiente e Holland como o mais jovem, que recebe conselhos dos dois colegas. A interação do trio é leve e natural, deixando um gostinho de quero mais, porém é o suficiente para fazer as participações relevantes para a narrativa.

O filme cria uma teia de easter eggs, que faz referência aos outros filmes da franquia, às histórias em quadrinhos, aos jogos e às animações. Em certo momento do longa, Eletro imagina se existiria um Homem-Aranha negro no multiverso, uma referência à Miles Morales, apresentado no cinema em Homem-Aranha no Aranhaverso.

Temos também o outdoor que mostra metade do rosto do Peter Parker e metade a máscara do homem aranha como referência aos quadrinhos, os raios no rosto de Eletro quando ele aparece nos fios de alta tensão que lembram a máscara do personagem nas HQs e falas que foram resgatadas das duas primeiras franquias, como “Eu sou um pouco cientista também” e “o homem-aranha pode sair para brincar?” dito por Norman Osborn/Duende Verde, interpretado por Willem Dafoe.

Além do fan service que serve de base para o filme, o longa consegue criar uma narrativa bem construída de crescimento do Homem-Aranha do Tom Holland, que parte de um momento em que sua identidade é divulgada para o mundo e pede ajuda do Doutor Estranho para resolver seus problemas em um passe de mágica, e chega ao fim da narrativa sacrificando sua ligação com o mundo e, consequentemente, com as pessoas mais importantes para ele.

Quando os vilões chegam à nossa realidade, eles roubam a cena com suas atuações impecáveis. O equilíbrio deu o brilho às participações: todos tiveram seus momentos separados e em conjunto, que foi na medida certa para não ofuscar os demais. O equilíbrio também se fez presente no tom das cenas, em meio a passagens com grande carga dramática o alivio cômico era colocado de forma natural, sem forçar a piada.

O desenvolvimento do personagem de Tom passa pelo momento de perda de sua tia May. Uma vez que, até onde sabemos, ele não perdeu o tio Ben, a versão atual do Homem-Aranha ainda não tinha tido a perda dessa figura importante que o criara, que por fim entregou a frase mais famosa da franquia: “Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Da mesma forma que o homem-aranha de Tobey Maguire diz “isso não é problema meu”, e se abster levou à morte do tio Ben, Tom diz a mesma frase para May, uma decisão que leva à perda da tia.

A dor dessa perda é mais evidenciada quando os três homens-aranhas se encontram e cada um entende a dor do outro, o que cria uma conexão entre eles e também com os espectadores, que acompanharam essas perdas nas três franquias e sabem a importância do fato para a construção do personagem. A interação do trio, que é o ponto alto que todos os fãs aguardaram, mostra o lado bondoso, inventor e curioso dos Peter Parkers, com comentários e trocas de experiências de forma bem humorada.

Outra cena espelhada de filmes anteriores é a queda da Gwen na torre, que Andrew Garfield não conseguiu alcançar a tempo, e resultou em sua morte. Em Sem volta para casa, o Homem-Aranha de Garfield consegue alcançar MJ quando esta cai dos andaimes durante a luta final e a salva. Andrew transborda a emoção da redenção do personagem, já que a franquia do Espetacular Homem-Aranha não teve um terceiro filme para mostrar a continuação da história.

O final do filme resgata a essência do Homem-Aranha, que agora sem a ajuda dos equipamentos ultra tecnológicos do Tony Stark, se aproxima do personagem original, que costura o próprio uniforme, vive em um apartamento modesto (que lembra muito o apartamento dos filmes do Tobey Maguire), e ouve a frequência da polícia para saber onde os crimes estão acontecendo.

Mais do que pavimentar o caminho para o próximo filme da Marvel, Doutor Estranho no multiverso da loucura, a salvação dos vilões e o sacrifício do Homem-Aranha do Tom Holland para evitar que a realidade se despedaçasse, o “Homem-Aranha: Sem volta para casa” abre inúmeras possibilidades para os próximos filmes do amigo da vizinhança.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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