Este texto contém spoilers sobre a primeira temporada da série
Após uma tentativa falha de produzir filmes da história de Percy Jackson, os fãs da saga aguardaram ansiosamente por uma nova nova oportunidade, que veio com a série ‘Percy Jackson e os Olimpianos’. A produção foi anunciada logo após a compra da FOX, no qual pertenciam os direitos de adaptação, pela Disney.
Com o criador dos livros, Rick Riordan, desta vez envolvido diretamente com o projeto, a espera dos fãs de Percy Jackson não poderia ser maior. Para a sorte do fandom, a série estreou com uma primeira temporada surpreendente em questão de números. Porém, para quem gostaria, a série não é fiel ao material original, mas sim ao conceito de adaptação, de onde encontra sua qualidade.
Adaptação deriva da palavra adaptar, que por sua vez se define como “modificar (algo) para que se acomode, se ajuste ou se adeque”. A palavra mais importante desta conceituação é ‘ajustar’, uma boa adaptação é se ajustar ao meio, ao formato de mídia que será produzido, ao orçamento, ao público, ao planejamento, e também a forma como se manifesta a sociedade atualmente.
São tantas variáveis que precisa se ajustar para se fazer uma boa adaptação. Mas, por algum motivo, parece que se tornou um senso comum de que adaptar uma obra é apenas reproduzir igualmente como está no material original. Jogos, animações e livros comumente passam por esse julgamento quando são adaptados para o live-action, e com a série de Percy Jackson não foi diferente.
Os comentários sobre a série começaram logo na escolha no elenco, questionando principalmente o fato dos atores não possuírem as características marcantes dos personagens do livro, como as cores dos cabelos e dos olhos. Além disso, a escolha de uma atriz negra para interpretar a Annabeth gerou muitos insultos racistas.
Mas, assim que os primeiros episódios saíram, caiu por terra, já que o carisma e a química do trio principal – Percy (Walker Scobell), Annabeth (Leah Sava Jeffries) e Grover (Aryan Simhadri) – são um dos pontos fortes da série. Os efeitos especiais a princípio exibem algumas falhas, mas parece que foi proposital, já que maior parte do orçamento parece ter sido destinado para os dois últimos episódios, 7 e 8, que introduzem cenários e elementos grandiosos da obra.
Outro ponto forte da série se dá pelo episódio 2 onde é nos apresentado o Acampamento Meio-Sangue, um lugar seguro para os semideuses e também um dos elementos mais icônicos da saga junto com a camisa laranja. O acerto desse episódio foi uma certa quebra de expectativa na concepção do Acampamento. Na cena em que Quíron anda com o Percy, logo após ele sair da enfermaria e o guia até os chalés, é possível ver eles passando por diversos cenários e com inúmeras coisas acontecendo ao fundo, apresentando o acampamento como se fosse um universo à parte.
Como o próprio criador da história está envolvido na produção, as mudanças funcionam na série. Além de não ter graça assistir algo exatamente como é a obra original, o primeiro livro é de 2005, muitas das ideias, formas e plots já não funcionam nos dias atuais, já que se passaram quase 20 anos, as demandas do público atual são extremamente diferentes.
A necessidade de mudança também abre portas para novas oportunidades. Nos livros, acompanhamos a história pelo ponto de vista do Percy. Ou seja: a audiência só sabe daquilo que o personagem também sabe. Já na série, podemos ver outros acontecimentos que o Percy não tem conhecimento. Como é o caso de uma das melhores cenas: o flashback do encontro entre Sally (Virginia Kull) e Poseidon (Toby Stephens) no episódio 7 (que se mostra também como o melhor episódio da temporada).
O veredito é que o primeiro ano de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ é um ótimo começo, conseguindo entender o novo mundo do streaming no qual a série foi concebida e adaptar o primeiro livro, ‘O ladrão de raios’, de forma plena. Mas é verdade também que alguns elementos podem ser melhorados, alguns episódios parecem corridos e muitos acontecimentos são deixados entre os cortes.
O lado bom é que a série teve números expressivos, o que qualifica argumentos para uma renovação e continuar o plano de adaptar um livro por temporada, aprendendo em quais elementos melhorar para o futuro e se mantendo fiel ao conceito do que é uma adaptação.
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