*Este é um texto de opinião da autora e procura trazer uma reflexão sobre padrões de beleza, esteriótipos femininos e machismo e a indústria cinematográfica
Assim como o mundo está em constante mudança, a indústria do cinema acompanha essas evoluções e se tornam um reflexo da sociedade. E em uma sociedade ainda muito machista, não é de admirar que os filmes acompanham essa tendência, afinal…. quem representa as mulheres nas telas?
Durante toda a história do cinema, a maioria esmagadora de diretores, roteiristas, produtores – entre outros profissionais da indústria cinematográfica que estão nos bastidores das produções – sempre foram homens, o que faz com que recorrentemente vejamos a visão masculina de personagens femininos. Isso leva, é claro, à construção de estereótipos de mulheres que são submissas aos homens de várias formas.
Entre os principais estereótipos retratados em filmes temos a mocinha (ou princesa), em um papel passivo diante dos heróis esperando ser salva; a Smurfette que, assim como a personagem que dá nome ao estereótipo, tem a única função de ser a mulher no meio do grupo de homens, à guisa de representatividade rasa, sem nenhuma real característica própria e a Maniac Pixie Dream Girl, a garota bonita, alegre, geralmente distraída e meio boba que tem como razão de existir na narrativa mostrar para o homem que ele deve aproveitar a vida, mas que não tem emprego, família ou nenhum background.
Dando espaço para o Girl Power, temos a mulher poderosa, que tudo pode e tudo conquista. A Miranda de “O Diabo Veste Prada” é uma representação: ela é muito bem sucedida, respeitada em seu ramo de atuação, mas para isso ela precisa ser uma megera, e claro, abrir mão dos relacionamentos amorosos (pois, segundo esse estereótipo, para uma mulher isso é impossível de se conciliar).
Recentemente o meme da transformação da princesa Mia, em Diário de uma Princesa, foi resgatado de 2001 e voltou a fazer sucesso no Instagram e TikTok. O detalhe é que ele perpetua a ideia de que uma garota precisa se tornar “padrão” para ser considerada bonita e então se tornar interessante, conquistar amigos ou até um emprego, dependendo do filme.
Isso em um mundo em que as redes sociais nos bombardeiam todos os dias com mulheres que estão dentro do padrão de beleza – lindas, magras, com o cabelo e a pele impecáveis – na praia ou na academia, enquanto a maioria de nós é perfeitamente normal (e não tem nenhum problema nisso).
Fora isso, ainda temos coisas que só acontecem em filmes. Você, mulher, já tentou correr de salto? E no meio de uma floresta? Isso é perfeitamente normal no mundo dos filmes, e cito Jurassic World (2015) para ilustrar. Mulheres também parecem ter a obrigação de estarem sempre perfeitamente alinhadas, seja acordando com o cabelo penteado e maquiada, seja lutando com o cabelo solto e, novamente, de salto.
Ou seja, a imagem da mulher é sempre uma preocupação maior do que a personalidade da personagem, mesmo quando contraria o bom senso. Um bom exemplo de como o gênero de quem dirige o filme influencia no resultado final é Esquadrão Suicida (2016), dirigido por David Ayer, e Aves de Rapina – Arlequina e sua emancipação fantabulosa (2020), dirigido por Cathy Yan.
No primeiro a personagem, da Arlequina é hiper sexualizada e ela seu objetivo de vida é ficar ao lado do Coringa, já no segundo a personagem tem outros objetivos e relações, e suas roupas não são excessivamente curtas. Vale pontuar também a cena da luta final, onde a Arlequina oferece um elástico de cabelo para outra personagem prender o cabelo para lutar melhor, algo simples, mas que toda mulher de cabelos longos deve ter se identificado.
Felizmente esse cenário vem lentamente se modificando ao longo dos anos. Com filmes de sucesso como Jogos Vorazes, A chegada, Mad Max, Enola Holmes, Mulher Maravilha, assim como nas animações como Mulan, Frozen, Valente e Moana, apresentando protagonistas fortes e independentes como possibilidades de feminilidade.
Por trás das câmeras, o Oscar de 2021 tiveram duas mulheres indicadas para melhor direção, e uma delas levou a estatueta. Já o globo de Ouro tiveram três mulheres indicadas na categoria. Esse ano três mulheres foram indicadas para o prêmio de melhor direção de fotografia, única categoria que nunca foi vencida por uma mulher.
Além disso, grupos feministas conquistaram, com o apoio da American Civil Liberties Union (ACLU), processaram estúdios por meio de leis federais que proíbem a discriminação por gênero no trabalho nos Estados Unidos.
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