O que é preciso para um cantor ser considerado artista? Para muitos, uma vitória no Grammy, a premiação de reconhecimento à excelência do trabalho musical. Apesar de ter mais de duas décadas de carreira, Miley Cyrus só recebeu o primeiro gramofone aos 31 anos, em 2024, com o smash hit “Flowers”.
Em entrevista para a W Magazine, a cantora refletiu sobre finalmente levar para casa dois prêmios – Melhor Gravação do Ano e Melhor Performance Solo Pop -, apesar de ter um impacto inegável na indústria do entretenimento.
Quem não se lembra de Hannah Montana? Ou Miley na Wrecking Ball? A apresentação de ‘We Can’t Stop’ no VMA 2013? A música Malibu? Ou como o cover de ‘Heart of Glass’ dominou as redes sociais – e as playlists – durante a pandemia?
Fato é que a artista chegou a submeter ‘The Climb’ para a Academia, na edição de 2010, na categoria de “Melhor Música Escrita Para Uma Trilha Sonora”. A indicação chegou a ser anunciada, mas foi excluída…
O motivo? Simples: não foi composta originalmente para o filme “Hannah Montana”, levando à anulação da sua nomeação pela comissão julgadora, segundo a revista Entertainment Weekly.
Com essa explicativa, surgiram boatos de que a Disney, empresa com a qual Miley estava assinada e tendo desavenças na época, teve uma implicação nessa decisão do Grammy.
Em 2010, Miley estava começando a se desvencilhar da imagem de Hannah Montana, série que ficou no ar no Disney Channel por cinco anos. A última temporada ainda estava em gravação quando a cantora lançou o álbum ‘Can’t Be Tamed’ (‘Não posso ser domada’, em português).
O projeto mostrava uma versão mais madura da artista, com letras e clipes provocativos. O que foi o caso da faixa título que mostra a cantora fugindo de uma gaiola como um passarinho que estava preso para ser exposto. O enredo parece similar? (Rs.)
“Eu queria que as pessoas soubessem que eu não era a Hannah Montana. Quando comecei a ficar bêbada e a fumar maconha, um produtor disse: ‘Este leão não vai voltar para a jaula’. Eu cresci…”
Miley ao programa ‘My Next Guest Needs No Introduction’, que está disponível na Netflix.
Além disso, também teve o polêmico vídeo da cantora fumando um bong, que foi divulgado pelo TMZ ainda em 2010. O site disse que estava consumindo salvia divinorum, uma erva alucinógena legalizada no estado da Califórnia (EUA), onde foi gravado.
O pai de Miley, Billy Ray Cyrus, chegou a pedir desculpas ao público pela ação da filha em um Tweet já delatado. “Acabei de ver pela primeira vez e fiquei bem chateado. Tem muita coisa fora do meu controle agora”, escreveu o cantor.
Na época, a Disney não ficou nada satisfeita com essa situação. A artista recebeu várias críticas de pais que acusavam ela de influenciar negativamente os filhos.
O que veio em seguida foi uma quebra ainda maior da imagem de Miley com o público infantil, explorando conceitos mais ousados e sensuais e abordando temas como sexo, festas e uso de substâncias nas letras, apresentações e até fotos no Instagram.
Em entrevista à W Magazine, a cantora se mostrou tão indignada quanto os fãs por só receber um gramofone este ano. “Sem querer ofender, mas estou nisso há 20 anos e esta é a primeira vez que realmente sou levada a sério no Grammy”, disse.
“Tenho tido dificuldade em entender qual é o critério, porque se queremos falar de estatísticas e números, onde diabos eu estava? E se queremos falar do impacto na cultura, onde diabos eu estava? Não se trata de arrogância. Estou orgulhosa de mim mesma”, comenta.
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