Moda

Entenda o conceito do polêmico desfile da Schiaparelli

A grife italiana Schiaparelli foi o principal assunto do mundo da moda na última segunda-feira (25/1). A marca apresentou peças de uma nova coleção na desfile na Semana de Moda em Paris, um dos principais eventos do ramo.

Como de costume, o movimento surrealista estava presente nas obras da grife. Mas, o estilista Daniel Roseberry, que criou a coleção, abusou deste conceito ao montar looks com cabeças de animais – leopardo, leão e lobo – hiper-realistas.

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Além das modelos, a influenciadora Kylie Jenner também usou uma das peças polêmicas. Ela e a marca receberam críticas por, supostamente, “estar glamourizado a caça animal”.

A Schiaparelli contou, em nota no Instagram, que nenhum leopardo, leão ou lobo foi machucado durante a produção da coleção. Inclusive, a empresa postou fotos do processo de montagem das cabeças.

Apesar das críticas, especialistas em moda exaltaram a coleção pela ousadia e surrealismo, que é a marca da casa e da estilista fundadora, Elsa Schiaparelli.

INFERNO

A coleção foi inspirada em “Divina Comédia”, do escritor italiano Dante Alighieri. Em uma trilogia, o protagonista – que é o autor dos livros, passeia pelo inferno, purgatório e o céu.

Antes de entrar no “inferno”, que é ponto de partida da aventura, Dante se depara com três animais: leopardo, leão e lobo. Cada um representa um pecado: luxúria, orgulho e avareza, na mesma ordem que estão no texto.

“Cada um deles representa coisas diferentes. Mas o leão e os animais estão lá como um surrealismo fotorrealista e um trompe l’oeil de uma maneira diferente”, disse Roseberry para Vogue ao explicar o conceito.

“É uma homenagem às minhas dúvidas”, escreveu Daniel. “Queria me afastar das técnicas com as quais me sentia confortável e compreendia, para escolher aquela madeira escura onde tudo é assustador, mas novo”. Essas dúvidas também são parte do enredo de “A Divina Comédia”.

O estilista completou que tem outras referências a obra de Dante na coleção. As peças em dourado fazem referência à amada Beatriz, que era bela e brilhante. Outro ponto é uma máscara de latão martelada à mão, que lembra as obras de Picasso sobre o Inferno.

A cantora Doja Cat, que foi prestigiar o desfile na primeira fila, estava com um look todo vermelho, inclusive a maquiagem do rosto. “Ela não seria o demônio?”, brincou Roseberry.

Doja Cat e Roseberry

Fontes: Vogue Brasil, British Vogue e Bazar.

Ana Raquel Lelles

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