Por: Ana Raquel Lelles e Angela Rocha
O The Weeknd não estava brincando quando ele disse que apresentaria um ‘universo sonoro’ com o seu novo álbum ‘Dawn FM’. Você não precisa conhecer profundamente o trabalho do artista para saber que ele chegou no seu auge com a perfeição das suas principais características: letras de amor profundas, desabafos sobre autodestruição, sexo e drogas ao som de batidas oitentistas com vários sintetizados e samples – que, diga-se de passagem, marcam um ponto alto do disco.
Com 89 de aprovação no metacritic, não é difícil entender a obsessão do público com o álbum. “Dawn FM” vem logo após o sucesso estrondoso da era “After Hours”, que em hits como Blinding Lights e Save Your Tears, em parceria com Ariana Grande. Lançado em 2020, o disco, por si só, já fez história: foi pioneiro na tendência do som oitentista, criou uma narrativa corrente em seus videoclipes, visuais icônicos, o show no Super Bowl com os “machucados” e famoso terno vermelho e números 1 na HOT 100 da Billboard. A era ficou marcada, também, pela denúncia de racismo que o artista fez ao Grammy.
Mas, além disso tudo, o After Hours mostrou outro personagem do The Weeknd que complementa a imagem de “sad-boy, bad-boy, broken-boy” que ele tem. Algo que ele, e a Lana Del Rey, fazem muito bem individualmente e juntos, como na música “Stargirl”, do álbum “Starboy”, e “Lust For Live”, do álbum da princesa do sad-pop.
Talvez, namorar a Selena Gomez tenha sido a coisa menos “bad-boy” que ele fez publicamente. Mas, o relacionamento gerou o “My Dear Melancholy” que elevou toda a sua sofrência lírica para um auge.
O principal ponto destes lançamentos é como eles se relacionam com a criação do “Dawn FM”. Abel, nome artístico do The Weeknd, cria uma persona e desenvolve uma história para ela que é contada ao longo de 6 álbuns e 1 EP. É incrível como tudo é corrente, único e, ao mesmo, novo. The Weeknd nunca entrega o mesmo produto duas vezes mas sempre entrega sua assinatura. E isso o faz um dos artistas masculinos (se não, o mais) genial e incrível da nossa geração.
Este ‘universo’ lírico, sonoro e visual do The Weeknd também é mostrado na sua vida pessoal. “Here We Go Again…” chama atenção por falar que ele está namorando uma estrela de cinema. A este ponto, acho que não é segredo que Abel e a atriz Angelina Jolie estão em um, suposto, relacionamento. Digo “suposto” pois nenhum dos dois artistas confirmou com 100% de certeza.
Já sobre as letras, devo dizer que o Abel nunca esteve tão… erótico. O auge de sua eroticidade foi entre o Starboy e Beauty Behind The Madness. Mas músicas como ‘Take My Breath’ provam que há um outro patamar que nosso ‘starboy’ pode chegar.
Sonoramente, o Dawn FM é divido em 3 etapas. Você não sente a transição das músicas a não ser que tenha o interlúdio, que funcionam como narrações de apresentadores. Como se as músicas se unissem. Como o nome já diz, o “FM”, o disco é uma estação de rádio. Assim, há as falas dos apresentadores, propagandas, falas sobre o universo “Dawn” e as músicas.
Aliás, o nome da estação é 103.5, que é pode ser uma referência ao produtor Oneohtrix Point Never, já que ‘never’ tem 5 letras e completa a sequência de números. Já o ‘Dawn’, em português, é ‘amanhecer’. Levando em consideração a polidez e sensatez do conteúdo lírico, podemos notar que Abel está lidando melhor com a solidão e sua relação com aceitação do próximo e da mídia.
São nessas partes que os interlúdios completam o projeto de forma poética. Os atores apresentam textos, que completam o conteúdo lírico das músicas seguintes, como narradores de rádio. Até mesmo as “propagandas” soam como dicas de despertar de algo no universo. Como o caso do Jim Carrey, que abre e fecha o disco, ao lado de The Weeknd, com discursos que falam sobre lidar com a solidão.
Além da participação dos atores, os feat do álbum não soam como “escolhas comerciais” e completam, com bastante fluidez, a atmosfera do disco. Tyler, The Creator e Lil Wayne mostram suas cores no amanhecer sem parecerem “fora de espaço” ou colocarem uma sombra no trabalho de Abel.
Além de um universo sonoro, o Dawn FM explora o audiovisual nos videoclipes. As imagens completam o disco e mostra uma narrativa concreta. O Abel “velho”, que aparece na capa do CD, é apresentando como o antagonista desse universo. A versão mais “jovem” está “apenas” vivendo o circulo de escuridão que ele sempre viveu e rejeitando o “amanhecer”. Assim, surge o embate dos protagonistas, que é marcado por dança, festa e simbolismo.
A história começa em “Take My Breath”, quando The Weeknd conhece uma mulher em uma festa em que todos parecem estar inalando uma substância através de uma máscara. A partir do momento em que ele também faz uso, ele fica animado e sorridente, inalando o produto cada vez mais. Em uma cena que mescla com as pessoas dançando, a mulher o sufoca até ‘tirar seu fôlego’ e o deixa desacordado no chão da pista de dança.
A história continua quando o cantor acorda em “Sacrifice”. A narração de Jim Carrey diz que ele já esteve no escuro por muito tempo e que agora é a hora de encarar a luz. Apesar de começar o clipe indo em direção dessa “luz”, de repente Abel se vê novamente na pista de dança sendo levantado por alguém. Ele é pendurado em uma estrutura circular a frente de uma platéia vestida de preto que realiza uma coreografia sincronizada, até que uma mulher de vermelho aparece para sugar sua alma.
A cena final mostra a mulher em sua versão velha e nova até que o cantor consegue sair andando no final do clipe.
Já em “Gasoline”, e versão idosa de The Weeknd aparece pela primeira vez dirigindo um carro até bater em uma placa. Após sair cambaleando, o rádio do veículo começa a tocar e uma festa (bem parecida com a de “Take My Breath”) surge ao seu redor.
Nesse ambiente, temos a versão nova de Abel irritado com o seu ‘eu’ mais velho, que, em contrapartida, está preso apenas querendo sair daquele lugar. As pessoas em sua volta se envolvem de forma muito sexual. Apesar de estarem aproveitando a festa, também há flashes de pessoas com uma aparência monstruosa.
Em outro momento, o público está com óculos 3D olhando para cima, onde há pessoas bem vestidas de preto os observando através de poças d’águas. Para finalizar, o The Weeknd jovem bate em sua versão mais velha e o deixa sangrando no chão para poder voltar a aproveitar a festa.
Além de “Here We Go Again…”, “Sacrifice”, que tem um sample de “I Want To Thank You” da Alicia Myers e “I’ll Do Anything For You” do Denroy Morgan, devo destacar “Gasoline”, “Don’t Break My Heart” e “I Heard You’re Married” como grandes destaques do álbum.
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