Música

A relação de Taeyeon com a fama: uma análise de Can’t Control Myself

Conheça a teoria videoclipe da canção

O 2022 da idol de kpop Taeyeon começou com muito conceito, coesão e aclamação. A artista lançou o single ‘Can’t Control Myself’ na segunda semana de janeiro como um pré-release do álbum INVU, que será lançado dia 14 de fevereiro.

A canção chamou a atenção pela estética dark e as batidas de rock, o que remete ao estilo punk/pop que está em alta no mercado. Mas, além disso, o MV (music video) oficial se destacou entre os fãs da cantora por mostrar duas versões de Taeyeon, sendo uma mais “descontrolada”. 

A letra repete, várias vezes, que quando ela está na frente do “você”, ela não consegue se controlar. Essa falta de controle é descrita como algo bom e ruim, ao mesmo tempo. Na última cena do videoclipe de Can’t Control Myself, a cantora recebe uma chuva de rosas com espinhos de uma plateia que a aclama. Ela é amada e machucada na mesma proporção.

Apesar de uma interpretação inicial de que a música pode estar se referindo a um relacionamento amoroso abusivo, Can’t Control Myself abre margens para outras visões. A música pode estar falando de outro tipo de relação: o artista e a fama. 

Contexto:

Taeyeon começou sua carreira na indústria musical aos 18 anos, como líder e vocalista principal do Girls Generation (SNSD). O grupo não teve sucesso imediato. Mas, a partir de 2009, com o lançamento da canção Gee, as garotas “explodiram” na Coreia do Sul e em outros países da Ásia. O sucesso se consagrou com o título de “Girl Group da Nação”. 

Como uma das principais vozes do SNSD, logo Taeyeon se tornou uma das integrantes mais populares, ao lado de Yoona e Jessica. Apesar do trabalho excessivo e exaustivo ao longo dos anos de trainee e do início de carreira, a relação entre a cantora e a fama se complicou em 2014, quando a integrante Jessica “se desligou” do Girls Generation.

Em uma carta no Instagram, Jessica disse que foi forçada a deixar o grupo. Por isso, surgiu a teoria de que a líder do SNSD, a Taeyeon, teria a “expulsado”. Até hoje, o motivo da saída da membro do grupo não é clara. Comentários maliciosos atacando a líder começaram a borbulhar nas redes sociais. 

Taeyeon e Jessica

O namoro de Tae e Baekhyun, integrante do EXO, também foi motivo para a cantora.  Internautas criticaram que ela era mais velha que ele e, por isso, o relacionamento “não era adequado”. Além do ódio de uma parte da fanbase do SNSD, a cantora sofreu ataques da fanbase do EXO e um assédio da mídia. 

Taeyeon se desculpou, em uma carta aberta, pelo relacionamento. Mas, até hoje, há comentários maliciosos sobre este namoro nos perfis da cantora nas redes sociais. 

Este período pode ter causado traumas na artista. Em 2015, ela debutou solo com o mini-álbum ‘I’. A canção título fala sobre amor próprio, saber o seu valor e ver a beleza da vida. Mas, apesar da mensagem empoderadora, o significado pode ser uma batalha contra a depressão e a ansiedade que a cantora vivia. 

A canção ‘Lonely’, em parceria com o JongHyun, do Shinee, também é um desabafo sobre saúde mental. O cantor era muito próximo da líder do SNSD e morreu em 2017. Ele deixou uma carta de suicídio. Fotos de Taeyeon no enterro do amigo foram reproduzidas nas redes sociais sem empatia com seus sentimentos. 

Com os anos, a relação de Taeyeon com a mídia continuou conturbada, apesar de controlada. Em 2016, a cantora se envolveu em uma polêmica ao cancelar sua participação em uma performance com o Wiz Khalifa no MAMA 2016. O rapper acusou a artista de racismo. Mas ela disse que não quis continuar com a apresentação pois não estava satisfeita com a qualidade dos equipamentos e da base de som. 

O caso provocou críticas à cantora por parte do público internacional e também foi pauta para a mídia. Mas, desde então, ela não se envolveu em escândalos.

Nos últimos anos, além da carreira como cantora, Tae se consagrou como uma personalidade de programas de variedades. Com bastante audiência e carisma, ela é uma das apresentadoras do “Amazing Saturday”. 

Análise:

Esse “amor” e reconhecimento midiático segue de mãos dadas com o ódio coletivo que recebe nas redes sociais. Além da metáfora das flores (citada no começo da matéria), o clipe de Can’t Control Myself aborda as “personas” criadas por Taeyeon para viver na indústria do entretenimento. 

O vídeo abre com a artista com uma aparência “suja” e cansada em um banheiro. Logo depois, a “história” começa e nos é apresentada sua versão com uma peruca de cabelo preto. Ela está performando em um palco e conhece um homem. Essa figura masculina a atrai. Nos bastidores, ele não parece prestar muita atenção para ela, o que é um contraste de quando ela está na frente da plateia. 

Em uma sequência de planos, conhecemos a Tae loira, que está triste e sentada ao lado de um vaso de flores quebrado. As duas versões da cantora tem um contraste de energia: a de peruca está esperançosa, já a loira está triste e “descontrolada”. 

Na ponte da canção, a cantora está triste em uma comemoração de seu aniversário até que vê o homem, que aparece como um fantasma. A cena seguinte é Taeyeon gritando e chorando descontroladamente em um palco enquanto pede atenção e amor do homem. A ação é recebida com chuva de rosas, aplausos e flashes. Essa pode ser uma representação de como a mídia e o público querem lucrar com a destruição de um artista, assim como tentaram fazer com ela entre 2014 e 2017.   

A versão de peruca pode ser a sua imagem para alcançar todos os seus sonhos: se tornar uma artista reconhecida. Mas, assim que ela chega neste objetivo, a relação tóxica que vem com fama a deixa “sem controle”. E, mesmo no status de A-list de artistas sul-coreana, ela ainda não é aceita e amada e seus sentimentos são explorados e expostos de forma negativa.

Por fim, Taeyeon aparece no “auge” da loucura, como o Coringa do Joaquin Phoenix. Como ela diz na letra, essa relação parece o paraíso mas também o inferno… 

Ana Raquel Lelles

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